Saturday, October 24, 2009

O declínio do ensino no Brasil

Educação

O declínio do ensino no Brasil

Publicada em 23/10/2009 às 13h23m
Artigo do leitor Sander Dantas Cavalcante

O ensino brasileiro, principalmente do setor público, está em franca decadência, como comprovam os testes realizados por órgãos especializados ao medirem o nível do aprendizado nas escolas. Portanto, o fracasso da educação no Brasil não é questão de hipótese, mas de evidência, sendo várias as suas causas e de naturezas diversas.
Inicio o rol com a desestrutura familiar, porquanto se percebe uma progressiva inversão de valores nos lares de nosso país, o que se constata rotineiramente, através de observações de nossos vizinhos, amigos e parentes e, de forma mais acentuada, através dos órgãos de comunicação, onde lemos, vemos e ouvimos notícias de alunos que agridem professores, demonstrando a falta de respeito com o educador, assim como brigas entre estudantes, a exemplo de recente reportagem onde a própria mãe de uma aluna estimula o ato de violência entre a filha e uma colega de escola.
Esse exemplo é emblemático e reflete, com intensa nitidez, o que se passa em milhares de casas de família. A violência urbana é trazida para dentro dos lares, e estes, que antes eram santuários de respeito recíproco entre os membros da família, agora mais parecem campos de batalha, observando-se cenas terríveis de desavenças entre pais e filhos, irmãos com irmãos, sobrinhos e tios, enfim, um verdadeiro caos. Perdeu-se o respeito.
Esse comportamento familiar é levado para a escola, desaguando nas salas de aula, nos pátios, ou mesmo nos arredores, comprometendo o aprendizado e a própria segurança dos estudantes, dos educadores e de terceiros.
Outra causa é a falta de perspectiva de aproveitamento no mercado de trabalho de ponta, devido à falta de oferta nesse setor, o que, em certa medida, termina por desestimular o aluno a continuar os estudos ou o leva ao aprendizado superficial, buscado nos cursinhos preparatórios para concurso, que direcionam os alunos, quase que exclusivamente, para o emprego público, através dos chamados macetes e de testes elaborados para respostas objetivas, onde não se aufere profundamente o nível de conhecimento do aluno.
Ao lado dessas causas do declínio do ensino brasileiro, com ênfase para o ensino público, mas que afeta também o ensino privado, não se pode relegar ao esquecimento a falta de investimento dos governos na educação e isso nas três esferas do Estado: federal, estadual e municipal. Todos os dias saem manchetes nos meios de comunicação sobre o crescimento da economia brasileira, sobre projetos do pré-sal, apontando o Brasil como potência energética, sobre a importância de nosso país na economia mundial globalizada e sobre o investimento em armas, em submarinos nucleares e em aviões (caças) de guerra.
Recentemente, foi veiculada até notícia de empréstimo ao Fundo Monetário Internacional. Todos esses investimentos custam bilhões aos cofres públicos, cuja receita é obtida através de dura carga tributária. Mas e o investimento na educação? Infelizmente, para nossos governantes, a educação - ao lado da saúde e da segurança - fica em segundo plano e, ao invés de aumento do orçamento nesse setor, o que se vê é a redução de custos, sob o argumento de contenção de despesas, implicando em baixos salários dos professores, ausência de cursos de treinamento e falta de reciclagem e de aperfeiçoamento do corpo docente, péssimas condições físicas das escolas, falta de material didático para os alunos etc.
Concluindo, em meio a tamanho descaso, somado às demais causas supra mencionadas, outras não poderiam ser as consequências, senão greves de professores, ensino de má qualidade, desestímulo de aprendizagem e generalização da violência escolar. Definitivamente, ao contrário dos países civilizados, estamos correndo em sentido contrário à educação e nós educadores temos o dever de denunciar essa agressão, bem como cobrar dos poderes constituídos que façam cumprir sua obrigação constitucionalmente prevista, no sentido de investir no ensino e na educação do principal patrimônio de um país: o seu povo.

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